A tecelagem dos povos nativos americanos (no período pré-conquista européia) possuía um alto nível de qualidade e beleza, e o território mexicano foi o responsável, sem dúvida, por ter confeccionado tecidos esplêndidos. Podemos constatar isso pelos afrescos descobertos e por cenas de vasos, já que a umidade e o calor próprios do clima da região acabaram por desintegrar estes tecidos.
Vendo por esse aspecto, o território do Andes foi o mais favorecido, pois graças a areia do litoral seco do Pacífico, um repertório completo de modelos de tecelagem foi conservado nas sepulturas. Os indivíduos da alta categoria eram enterrados em trajes de cerimônias, depois de enrolados em tecidos que continham vasos e objetos que lhes tinham pertencido. O conjunto era ainda envolvido em um tecido de valor menor.
Os mais antigos tecidos - que se encontram na zona litoral - foram confeccionados no começo da era cristã e apresentam o mesmo grau de perfeição e a mesma variedade de técnicas dos que foram usados mais tarde. A única "evolução" que houve foi em relação ao estilo. Como matéria-prima usavam bastante o algodão, enquanto que nos planaltos andinos usavam mais o pelo de lhama, guanaco, alpaca e a vicunha, que forneciam uma lã muito resistente. A da vicunha, por exemplo, apresentava maciez e o brilho da seda. À da alpaca misturava-se muitas vezes ao algodão.
Esses tecidos eram feitos com uso dos teares - que se compunham habitualmente de um pau meio polido, fixo entre dois postes a uma árvore ou a um muro. A outra extremidade era terminada por um cinto, onde dessa forma o artesão podia esticar ou desapertar o aparelho. A largura desse tecido não podia ser muito maior que o comprimento do braço - ou seja, cerca de 75 centímetros.
Certas civilizações peruanas confeccionavam tecidos com mais de 1 metro e 50 centímetros de largura, supõe-se por isso que eles confeccionados em grandes teares ou que era trabalhado simultaneamente por várias pessoas. Era praticamente uma indústria têxtil! Escavações trouxeram à luz as seguintes variedades: brocado, crepe, damasco, gaze, cotim, veludo, tapeçarias murais de várias espécies, malha circular ou retilínea, voile, croisé e numerosas variedades de rendas e bordados. Para tingir eles usavam cores minerais, vegetais e animais.
É no cemitério de Paracas, situado numa península a meio da costa do Peru, que se encontram em suas jazidas mais ricas vestígios dos mais variados tecidos. Esses tecidos, ao que parece foi usado durante vários séculos como necrópole de personagens de alta categoria. Encontraram-se ali várias espécies de túmulos sobrepostos, até uma profundidade relativamente grande. Vários tecidos das mais variadas formas foram encontradas em sepulturas, com diferenças claras no estilo e no motivo. Como as olarias, são classificadas segundo os lugares onde foram descobertos, os grupos de civilizações a que pertenciam, ou segundo os desenhos e motivos usados.
Apesar do Paul Westheim e do Pál Kelemen generalizarem e fazerem referência a um vestuário "pré-colombiano" podemos entender que boa parte do vestuário desses nativos americanos compunha-se de uma longa faixa de tecido enrolada em volta do dorso e rins, cujas extremidades ornamentadas caíam em pregas à frente; uma túnica cuidadosamente trabalhada, a que os espanhóis chamaram de poncho ou camisa; uma longa écharpe e um barrete ornado de motivos a condizer com os do vestuário. Encontraram-se também gigantescos xalés e chapéus.
O que é importante destacar é que as vestes da aristocracia inca eram muito variadas, algumas são abstratas compostas de quadrados e de linhas que parecem degraus de escada e outras representam pássaros estilizados e silhuetas humanas. Empregavam de maneira engenhosa franjas, rosáceas, fios de lamés e também cobriam os tecidos com discos ou placas de metal e também com penas.
Esse processo manual é bastante comum no Peru. E ao andar pelas redondezas do Parque Nacional Manu, por exemplo, você ainda encontra senhoras que fabricam e vendem estes tecidos de lã bem coloridos. A lã é toda processada manualmente e é utilizado ervas para produzir as cores para assim tingi-los antes de começar a tecer. A habilidade manual para fabricar estes tecidos é incrível e o seu trabalho é muito bem feito!
Porém tem uma curiosidade que nem todos sabem: alguns tecidos são tingidos com urina fermentada para produzir algumas cores!
Porém tem uma curiosidade que nem todos sabem: alguns tecidos são tingidos com urina fermentada para produzir algumas cores!
Bibliografia:
WESTHEIM, Paul; KELEMEN, Pál. Arte Ibero Americana. Lisboa: Editorial Verbo, 1971.