quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Revisitando a arte dos Astecas e dos Maias


As civilizações mais avançadas da América Central foram a maia e a asteca. Os maias  estabeleceram-se ao norte da península de Yucatán e construíram várias cidades santuários, enquanto os astecas se estabeleceram nas ilhotas do lago de Texcoco, onde edificaram a capital de seu império, Tenochtitlán. O império maia teve uma organização estatal e social bem-definida, nas quais se diferenciavam classes sociais e profissões. Foi essa mesma organização que os beligerantes astecas adaptaram ao chegar ao vale do México. Os mais desenvolvidos cientificamente e intelectualmente foram os maias: possuíam um sistema de escrita hieroglífica e atingiram grandes avanços na astronomia e na matemática. Seu calendário de 365 dias revelou-se mais exato que o utilizado então na Europa. Além disso, já conheciam o zero. Parte de seus conhecimentos foi absorvida pelos toltecas, que por sua vez os transmitiram para o resto das culturas do vale do México e para os astecas, que conseguiram vencer as cidades da Tríplice Aliança e estabeleceram assim seu império.




       ESCULTURA        


Para os maias, a estatuária deveria ser imagem e semelhança da realidade. Em suas esculturas é possível identificar as características físicas do povo, e em muitos casos existiu até um afã de individualização dos rostos ou de sentimentos, embora persistindo a esquematização. Ao contrário dos astecas, as formas maias são mais suaves e arredondadas e mais estilizadas. A escultura colossal é muito comum como complemento de templos e palácios, sobretudo a figura do Chac Mool, ou mensageiro sentado.São significativos os baixos-relevos dos templos, nos quais os artistas maias combinaram figuras naturalistas com fundos geométricos acompanhados de textos em hieróglifos, não tão abstratos como os egípcios, mas igualmente informativos, do estilo das gravações de estelas comemorativas. Não menos perfeitas foram as gravuras sobre madeira das portas e seus respectivos dintéis. A estatuária asteca era de um simbolismo profundo e de uma linguagem tendente à abstração, que negava todo naturalismo. Sua função era eminentemente religiosa, motivo por que as figuras representadas eram normalmente deuses acompanhados de seus atributos. Os materiais mais utilizados eram a pedra - andesita e pórfido - e a terracota. O deus mais importante era Quetzalcoatl, representado como homem ou serpente emplumada, já conhecido pelos antecessores dos astecas, os toltecas.




Calendário asteca-Museu de Arqueologia e História, Madri.




Relevo de um sacerdote oferecendo um sacrifício (arte maia)-Museu Nacional de Antropologia, México.






           PINTURA         


No ano de 1946 foi descoberta Bonampak, uma construção maia de três salas, ou câmaras, cobertas de pinturas murais coloridas. Essas pinturas chegaram quase intactas até o século XX, não só pelo fato de terem permanecido longe da vista dos espanhóis, mas também por terem ficado protegidas por uma fina camada de calcário, depositada naturalmente sobre sua superfície. Longe de toda abstração simbólica, esses murais apresentam-se impregnados de figuras representativas de um determinado momento histórico. Cada parede representa uma cena, narrada com riqueza de detalhes. É surpreendente o contraste deliberado de cores, bem como sua grande variedade: as preferidas eram o vermelho e suas diferentes tonalidades, o amarelo, o azul e o verde. A perspectiva é obtida pelas superposições e escorços das figuras. Os rostos possuem traços individualizados. O conjunto apresenta os contornos acentuados. A pintura asteca, ao contrário, manteve-se como complemento de relevos e teve um caráter simbólico. A ausência de um sistema preestabelecido de escrita, como a dos maias, transmitiu tanto aos desenhos como às cores da pintura asteca uma simbologia comparável à dos hieróglifos egípcios, e influiu na almejada abstração. Sabe-se que, a partir da conquista espanhola, os astecas passaram a produzir pinturas de gosto europeu para os conquistadores, e foram de fato excelentes copistas. Conservam-se também manuscritos e cópias de livros com iluminuras, encomendados pelas cortes européias.


A privilegiada classe sacerdotal era encarregada de predizer as condições climáticas e tinha o domínio das ciências e tecnologia. (Arte maia)






Os afrescos de Bonampak são o único testemunho da arte pictórica maia. Sua paletada colorida e o naturalismo da representação humana falam de uma cultura sofisticada.(Arte maia) 




     ARQUITETURA   


Os templos e palácios das civilizações maia e asteca refletem os conhecimentos técnicos de seus construtores e artesãos. Os templos maias, principalmente os do período clássico, denotam a influência dos toltecas. Os templos astecas tinham bases quase quadrangulares que, superpostas, davam forma a pirâmides escalonadas, coroadas por uma plataforma, com a correspondente pedra de sacrifícios. A decoração, com figuras de deidades antropomórficas e animais simbólicos, completava o quadro. Os arquitetos maias, por sua vez, implementaram certos elementos novos que, junto com um avanço tecnológico, implicaram uma diferenciação estilística: construíram seus tetos com as chamadas abóbadas falsas ou salientes, formadas pela superposição de silhares de pedra. Quanto à decoração, utilizaram o estuque de cal para fazer molduras entre tetos e paredes, que cobriam com baixos-relevos, como no templo de bambu, em Chiapas, de acentuada extravagância. As residências palacianas maias, como o palácio de Uxmal, possuíam galerias dispostas em forma de quadrado numa plataforma. Entrava-se no palácio por uma escadaria colossal situada na frente das aberturas da galeria central. Há poucos detalhes dos palácios astecas, já que eles foram praticamente destruídos. Sabe-se, pelas crônicas e pelo estudo de algumas ruínas, que o palácio de Montezuma, o soberano asteca, tinha base retangular, com pátios abertos no seu interior e duas construções. A cidade de Tecnochtitlán, segundo as crônicas dos conquistadores, foi construída numa grande ilhota, no meio do lago. Para se comunicar com terra firme, os astecas construíram um sistema de vias aquáticas e terrestres. Também fizeram aquedutos, para dispor de água potável. Os maias raramente moravam em suas cidades-santuários, preferindo o campo. Em tempos mais recentes, no período clássico, influenciados pelos imigrantes toltecas, começaram a construir edifícios civis e governamentais e o indispensável estádio de jogo de bola.


Por este arco de pedra é que se fazia passar a bola de borracha, tarefa difícil na qual se utilizavam somente cotovelos, ombros e joelhos. Este jogo de caráter estritamente religioso podia inclusive terminar com o sacrifício dos participantes.



As pirâmides e as torres escalonadas são a expressão arquitetônica fundamental destes povos. Em seu topo eram realizados sacrifícios e as oferendas aos deuses. (pirâmide do Adivinho, Yucatán)




As construções astecas eram mais monumentais que as maias, como se pode observar nesta pirâmide do Sol. Localizada em Teotihuacán, antiga capital dos toltecas, passou depois para as mãos dos astecas, que a transformaram num importante centro social e religioso.


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