quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Uma falácia

Na lógica e na retórica, uma falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega (significado de falácia segundo a Wikipédia).

Quando iniciamos nossas pesquisas para produzir este blog, deparamo-nos com o seguinte questionamento: o que vem a ser a “Arte Pré-Colombiana”? Por que a história dos povos nativos americanos ficou marcada como “pré-colombiana”? O que dizer a respeito de suas continuidades? Ela não possui herança? Quais foram as suas modificações? Por que essa periodização da arte dos povos nativos do continente americano é tão marcante que se mostra até mesmo na própria nomenclatura de sua arte?

Qualquer pesquisa sobre esses povos nos remete, tradicionalmente, a três civilizações: os Maias, Astecas e Incas. A questão levantada se trata também da compreensão do porque desse destaque em cima dessas três civilizações, que apesar de muito ricas, não podem representar todo um continente, pois estamos cientes de sua multiplicidade artística e cultural que é claramente heterogênea.

Esses três povos ocupavam apenas uma pequena parcela do continente americano, ou seja, parte do atual México e América Central, e parcela da América do Sul, que inclui porções dos atuais territórios do Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Chile. Segundo esse pensamento, a América pré-conquista (como optamos nos referir) seria um grande vazio demográfico, não sendo considerados os povos que habitavam outros territórios como o atual Canadá, Estados Unidos, Brasil, Argentina, Belize, Costa Rica, El Salvador, Equador, Guiana Francesa, Guatemala, Haiti, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Suriname [etc.], enfim, o que conhecemos hoje por países do continente americano.


Segundo o João Vilanovas Artigas e o Owen Seymour Arthur, qualquer  classificação que busque unificar a história de países ou regiões latino-americanas está condenada à crítica e à insatisfação. Entretanto, não passar por isso é também recusar-se a compreender e avaliar as diferenças e as similitudes. 


Eles irão mais longe, ao falar que todo latino-americano é, em sua origem, o europeu a serviço da expansão colonial capitalista ou é outro transplantado, integrado, escravizado ou massacrado por esse mesmo processo. Para o colono transplantado e o escravo, a América é um lugar estranho. Para os nativos da terra, o estranhamento vem do universo que a colonização impôs contra o seu mundo. É nesse contexto que, para o Artigas e o Arthur, a arte terá um papel central. A sua história é uma longa batalha nessa condição dependente que procura um eu e uma autonomia em igual condição com seus antigos (e novos) dominadores.

Diante dessa constatação, cabe a nós perguntar se está correta essa visão tradicional de excluir grande parcela dos habitantes da América - bem como a sua representação artística - daquilo que se convencionou chamar “povos pré-colombianos”. Não seria mais coerente criar um novo paradigma em que a maioria dos povos nativos americanos fossem incluídos e representados nessa “convenção artística” denominada de “Arte Pré-Colombiana”? E na verdade porque unificar algo que por natureza é - apesar de algumas semelhanças - muito diferente?

Somos a favor dessa desconstrução – não só do termo como também do conceito do que seria essa “Arte Pré-Colombiana”, de tal sorte que, neste blog, pretendemos falar de uma forma não convencional sobre a arte dos povos nativos americanos antes da conquista, o que inclui, obviamente, os povos convencionalmente estudados (Mais, Astecas e Incas) como também os comparativamente poucos estudados, mas claro, dando uma perspectiva diferente da História da Arte tradicional.

Na continuidade deste blog serão postados textos que vão enviesar essa arte dos povos nativos americanos antes da conquista européia, de modo a contribuir e acrescentar conhecimentos (às vezes um tanto peculiares) que não são tão bem divulgados ou estudados. Iremos postar periodicamente textos, álbuns, vídeos, mostras que remetam ao tema (atuais ou não) e  entrevistas com pessoas da área de História, Artes Visuais e Antropologia feitas pelos moderadores do blog, a fim de compreendermos a constituição dessa arte e sua herança na modernidade.






O nosso foco não são povos nem as civilizações pré definidas em um conceito...
O nosso foco é a história da arte dos povos nativos antes do período da conquista européia no continente americano, assim como a sua herança na dança, no cinema, na música, nas imagens, ou seja, em qualquer manifestação artística contemporânea.

Nosso foco é a América!



Os moderadores.

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